Daqui a menos de 226 dias acontecem os Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro. Os primeiros Jogos da América do Sul contará com a participação de 4.350 atletas de 176 países e de 23 esportes diferentes. Na natação, uma das nossas maiores chances de medalha é André Brasil, atleta do Esporte Clube Pinheiros que tenta sua terceira Paralimpíada (já participou de Londres 2012 e Pequim 2008).
As sete vagas conquistadas no Mundial de Glasgow, ainda não têm nomes definidos, mas dificilmente André não será convocado. Com uma limitação motora na perna esquerda, começou a praticar a modalidade para minimizar as sequelas que posteriormente teria após a descoberta da Poliomielite (Paralisia Infantil). Ele é hoje detentor de nada mais nada menos do que 10 medalhas paralímpicas, 24 medalhas em mundiais, 21 medalhas Parapanamericanas e seis recordes mundiais.
O Medley-Just Swim conversou um pouco com André sobre sua rotina, metas, expectativas, preparação para os Jogos e muito mais. Confira aqui!
Como está sendo sua preparação para os Jogos?
André Brasil: A vaga conquistada no Mundial é para o país e não nominal. Acredito que as 7 vagas abertas no Mundial, dificilmente não serão dos atletas que as conquistaram, mas formalmente ainda não estou convocado. A preparação está de “vento em poupa”. Muita trabalho, cuidar da: saúde, alimentação e descanso, para estar pronto pra mais uma vez se Deus quiser, defender o Brasil.
Qual é sua rotina de treinamento?
André Brasil: São em média 13 treinos na semana, sendo 10 na agua e 3 fora (musculação e pliomietria). Cada treino dura, mais ou menos, de 2 a 3 horas. De segunda a sábado. Há dias que tenho dois treinos. Então me sinto um trabalhador que como uma carga horária de 6 a 8 horas de trabalho, se entrega de corpo e alma!
Qual atmosfera você espera encontrar nas Paralimpíadas do Rio?
André Brasil:Gostaria de ver “casa” cheia como em todos os Jogos que participei! E que assim como no futebol, a torcida seja a força a mais pra impulsionar os atletas!
Você já esteve em dois Jogos Paralímpicos. Como foram essas experiências pra você?
André Brasil: Cada Jogos teve sua particularidade. Em Pequim eu era estreante e em Londres foi a minha afirmação na classe S10. Foram Jogos Incríveis e os resultado Sensacionais. Darei o máximo para estar à altura desta grande festa aqui no Brasil.
O que você espera dos Jogos Paralímpicos do Rio?
André Brasil: Espero uma grande festa! De integração dos povos. E que o mundo possa olhar diferente para as pessoas com deficiência. Dando uma verdadeira noção de cidadania. Espero que ter ou não uma deficiência não é impedimento de realizações. Se no nosso país, tais oportunidade fossem geradas, tenho certeza que as pessoas se surpreenderia com as coisas incríveis que são feitas! Mudança de um povo! Modificação cultural e respeito ao próximo acima de tudo!
Você tem alguma prova principal? Está treinando para alguma prova mais forte do que para as outras?
André Brasil: Desde o Mundial decidi focar nas provas rápidas. O Problema é que acabo nadando quase todas! Difícil focar em apenas 1 ou 2 provas. Então nadarei: os 50 metros livre, 100 metros livre, 100 metros costas, 100 metros borboleta. Ainda não sei se nadarei os 200 metros Medley e os 400 metros livre, provas ao qual não venho treinando. Além dos 2 revezamentos: 4×100 metros livre e 4x100m medley.
Como você costuma se concentrar antes das provas?
André Brasil: Gosto muito de escutar música. Visualizar a prova antes, e deixar o extinto e o coração falarem na hora da prova! Acho que nós atletas treinamos tanto para um momento tão singular, que na hora de nadar é momento de se divertir com responsabilidade!
Como você classifica a divulgação dos esportes Paralímpicos hoje no Brasil? O espaço para os atletas está aumentando?
André Brasil: O esporte vem tomando grandes proporções em nosso país. Ainda sem o devido reconhecimento como o esporte Olímpico (o que dirá se compararmos ao futebol). Temos que mudar a conotação de “coitadinhos” para atletas com resultados, produtos com singularidade impar! Me pergunto quantas pessoas tem a realização de estar em uma Olimpíadas? O que dirá ganhar uma medalha?
Se pensarmos nisso, podemos entender o quão grandioso é o Esporte Paralímpico! Com o Jogos no Brasil, teremos a oportunidade de mostrar a todos isso!
Comparado ao resto do mundo, como você avalia a natação paralímpica brasileira?
André Brasil: Preocupante. Existe a evolução e tudo mais, porém outros países tem investido em estrutura e renovação e assim se constrói um resultado! Nós por outro lado, temos pessoas com deficiência que são extremamente habilidosas no que fazem! Apesar de toda a linha crescente dos resultados obtidos nos últimos anos, não poderemos depender de resultados de poucos atletas e sim do grupo como um todo! Meu sonho é que no futuro tenhamos vários atletas com resultados como os meus ou os do Daniel, dividindo assim responsabilidades e glórias de outrora apenas um pequeno número de atletas.
O que o esporte trouxe para sua vida?
André Brasil: Transformação! Foi o esporte que me deu noções de disciplina, respeito e amizade. Assim pude aprender a ganhar e perder. E principalmente em lutar pelos meus sonhos! Além dos resultados que obtive e com esporte que tenho aprendido o quão gostoso é viver fazendo aquilo que ama, com dedicação!
Quem são seus grandes ídolos?
André Brasil: Meus ídolos na vida são meus pais. No esporte: Alexander Popov, Gustavo Borges, Fernando Scherer (Xuxa) e Clodoaldo Silva. E Ayrton Senna como ídolo maior!
Você inspira muitos jovens com suas provas e conquistas. Afinal de contas, o que é preciso para ser um vencedor?
André Brasil: Acreditar que é possível é o primeiro passo, correr atrás do sonho com empenho e dedicação. E acima de tudo ser feliz! Faça coisas impossíveis, se permita a entender que o limite esta dentro de você e assim entenderá que é possível chegar a lugares inimagináveis! Eu quero, eu posso, e eu vou conseguir! Três sentenças que aprendi com meus pais! Então ao acordar, peço saúde, para que possa correr atrás dos meus ideais! A natação paralímpica possui um total de 28 categorias, as chamadas classes. Iniciadas pela letra “S” de Swimming, elas são separadas da seguinte forma: de 1 a 10 são limitações físico-motoras, de 11 a 13 são deficientes visuais e a classe 14 são de deficientes intelectuais. André Brasil compete as provas unificadas nas classes S10, SB9 e SM10.
As competições da natação no Rio 2016 acontecem no dia 8 e vão até o dia 17 de setembro, no Parque Aquático da Barra.